quarta-feira, 26 de novembro de 2014







Era a mesma coisa todo ano há sabe-se lá quantos anos. Nos primeiros dias de aula da turma do pré-vestibular ele contava a história de quando, "assim na idade de vocês", foi levado pelos amigos a um prostíbulo. E que, abordado por uma das moças, desconfortável naquele ambiente pouco católico, disse a ela:
- Pra mim você não passa de uma latrina, uma privada onde os homens vão e fazem suas necessidades.
E então dizia o quanto ficara arrependido por ter sido tão duro, coitada dela. Contava isso em tom grave e, consternado, pedia licença e se retirava do púlpito em direção ao banheiro, onde batia uma punhetinha pra gozar a culpa.







domingo, 23 de novembro de 2014







- Me perdoe, padre, pois eu pequei. E como eu vou pecar de novo quarta-feira que vem, e estou com o resto da tarde livre, o senhor se importaria de já me passar a penitência adiantada?







quarta-feira, 19 de novembro de 2014






Tonho cismou de fazer pra si um gibão, como os dos vaqueiros do nordeste, mas tinha que ser de couro de mula sem cabeça. Há mais de 30 anos ele campeia a região atrás do bicho, noite sim, noite não, sem jamais encontrar. Nem um rastro, nem um boato, nada. Mas ele persiste. O pessoal faz chacota, acha graça, principalmente os mais antigos, porque eles melhor que ninguém sabem que desde o dia em que instalaram o primeiro poste de luz no povoado nunca mais uma diaba daquela foi vista por estas bandas.






quarta-feira, 12 de novembro de 2014







Não aguentou a emoção de enterrar o próprio marido, dizem. Foi só a ambulância cruzar os portões do cemitério em direção à rua e o coração explodiu, fulminante. É que a morte, ceifadora muito viva, sabe que toda necrópole não passa de uma plantação de cadáveres e, portanto, não há nada que lhe sirva para além daqueles muros.







quarta-feira, 5 de novembro de 2014






Passarinho verde... grandes merda.
Essa bosta a gente vê todo dia o dia inteiro aqui.
Muito mau gosto desse povo de construir presídio na beira do mato.