quarta-feira, 17 de junho de 2015






Diego recebeu Leila com espumante italiano, a cama coberta de pétalas de rosas negras.
Massive Attack flutuando na luz baixa de abajures rústicos e velas aromáticas, ele a despiu com veneração e amou-a lenta, intensa e longamente.
Tudo devidamente filmado com um celular escondido no guarda-roupas para posterior distribuição em grupos de whatsapp e eventual postagem no RedTube.







quarta-feira, 10 de junho de 2015






Dava até dó de ouvir o velho urrando lá no segundo andar do predinho, igual criança, derrubando as coisas e batendo nas paredes.
Aí parava.
E voltava a chorar de novo.
Alto.
Todo mundo já sabia, mas tem pai que é cego.
É que de tudo ele esperava do Rivelino, filho mais querido, zagueiro-capitão do time do bairro e braço direito do pai no fogão do botequim. De tudo.
De menos ser viado.






segunda-feira, 8 de junho de 2015






- O último a sair apague a luz -, disse Deus arrependido do que ordenara no princípio.







quarta-feira, 3 de junho de 2015






Naquele tempo, Jesus entrou esbaforido na oficina de José.
- E aí, pai, tá pronto?
José largou o formão sobre a mesa, foi até uma prateleira e voltou com uma prancha feita de madeira de acácia e quatro rodinhas de carvalho do Monte Meron.
- Caraca, pai, você terminou! Que irado! Posso usar já?!
José consentiu com a cabeça e um sorriso, e Jesus saiu batido. Era feriado e ele desceu a ladeira que levava a Nazaré como um foguete sobre a pranchinha, levantando poeira no terreno árido, como se andasse naquilo a vida inteira. Da porta da oficina, José encheu-se de orgulho:
- Esse moleque é do caralho.