quarta-feira, 30 de setembro de 2015






Luis tinha 15 anos quando sepultou o irmão mais velho, com quem dividiu o beliche a vida toda. Não fosse bastante, teve de assessorar a mãe em seu definhamento, carcomida pela tristeza até ir ela própria para a cova. Ele tinha 17 então. Anos depois enterrou a irmã mais nova e viu o pai, garrafa a garrafa, segui-la terra abaixo. Com a herança que lhe coube, Luis cultiva hobbies como pendurar o corpo em ganchos de aço, espetar piercings e deixar-se tatuar com agulhas de bambu em regiões tão sensíveis que fariam um sadhu estremecer. Tudo para encontrar na carne dor intensa o bastante para dissipar aquela que lhe aflige a alma.
Até o momento, sem sucesso.






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